UNIMONTES 2011/2

Leia o texto a seguir, para responder à questão.

 

Triângulo da alegria
RUY CASTRO


[1]   Na condição de passageiro profissional — nunca dirigi um carro —, sempre vi com simpatia a
categoria dos taxistas. O fato de não saber onde fica a rebimboca da parafuseta não me impede de apreciar o
drama desses homens que passam 12 horas por dia amarrados a uma poltrona, enfrentando engarrafamento,
calor, barulho, fumaça, ônibus, caminhões, grosserias, o irritante bibi das motos e, mesmo assim,
[5]  principalmente em São Paulo, não gostam de ligar o ar-condicionado.
  Pela vida, sentado no banco de trás ou do carona, a quantidade de motoristas que conheci deve ter
superado em número os elencos de Balzac e Zola em seus romances e, em figuras da psicologia, todos os
desvios e transtornos do catálogo.
  Já viajei com motoristas neuróticos, estressados, depressivos, hipocondríacos, bipolares, dementes,
[10]  delirantes, amnésicos, fóbicos, obsessivos, compulsivos, sonados, insones, bulímicos, anoréxicos, hiperativos
e sujeitos a tiques.
  Você dirá que, em 30 minutos de corrida, é impossível diagnosticar o problema do taxista. Também
acho. Na verdade, o que me interessa neles não é a doença, mas o que fazem com ela. Cada qual tem seu
estilo de vencer a exasperação.
[15]      Meu favorito é um motorista do ponto de táxis do hotel em que me hospedo há mais de dez anos em
São Paulo. Chama-se Fernando, tem uns 60 anos, cabelos brancos e parece mal-humorado. Mas não é.
  Quando o trânsito para naqueles infernais nós, ele tira do porta-luvas um triângulo. Um triângulo
metálico, prateado, e um bastão idem — instrumento vital na cozinha rítmica dos baiões, xaxados, cocos e
outros ritmos do Nordeste de onde, um dia, ele saiu.
[20]        Fernando põe para tocar um CD de Luiz Gonzaga. Segura o triângulo com a mão esquerda, o bastão
com a direita e, por alguns minutos, com a maior competência e alegria, torna melhor a vida dele e a minha.
Folha de São Paulo, 2 de abril de 2011, Caderno Opinião.

Considere a passagem abaixo, para responder à questão.

 

“Segura o triângulo com a mão esquerda, o bastão com a direita e, por alguns minutos, com a maior competência e alegria, torna melhor a vida dele e a minha.” (linhas 20-21).

No que diz respeito ao uso de “melhor”, é INCORRETO afirmar:

a

Trata-se de um adjetivo, na função de predicativo.

b

Trata-se de um advérbio, na função de adjunto adverbial.

c

Refere-se ao objeto direto “a vida dele e a minha”.

d

É um dos núcleos do predicado da 2ª oração, o qual é verbo-nominal.

Ver resposta
Ver resposta
Resposta
B

Resolução

Nesta questão, analisamos a função da palavra "melhor" na frase: “(…) torna melhor a vida dele e a minha”. A estrutura sintática mostra que "melhor" atua como um adjetivo que caracteriza o objeto "a vida dele e a minha", assumindo o papel de predicativo do objeto. Assim, o termo não funciona como advérbio, pois não está se referindo ao verbo, mas sim qualificando o objeto referente ao verbo “torna”. Dessa forma, a alternativa que afirma ser “melhor” um advérbio está incorreta.

Dicas

expand_more
Verifique se o termo “melhor” qualifica o verbo ou o objeto.
Veja se há mudança de estado atribuída ao objeto direto.

Erros Comuns

expand_more
Confundir o predicativo do objeto com o adjunto adverbial.
Interpretar “melhor” como advérbio ao analisar superficialmente a frase.
Revisão
1. Predicativo do objeto: ocorre quando um termo (geralmente um adjetivo) qualifica ou atribui uma propriedade a um objeto, ligado a um verbo de ligação ou transitivo que crie essa relação.
2. Adjunto adverbial: termo que modifica o verbo, indicando circunstâncias como tempo, modo, lugar etc. Não se aplica aqui porque “melhor” descreve “a vida”, não o ato de “tornar”.
3. Verbo-nominal: ocorre quando o predicado possui verbo e predicativo simultaneamente, comum em expressões como “tornar algo (algum estado)” ou “fazer algo (de tal modo)”.
Transforme seus estudos com a AIO!
Estudantes como você estão acelerando suas aprovações usando nossa plataforma de IA + aprendizado ativo.
+25 pts
Aumento médio TRI
4x
Simulados mais rápidos
+50 mil
Estudantes
Jairo Thiago
Conheci a plataforma através de uma reportagem e, como gosto de IA, resolvi investir. A quantidade de questões e suas análises foram tão boas que meu número de acertos foi o suficiente para entrar em Medicina na Federal do meu estado, só tenho que agradecer à equipe do AIO pela minha tão sonhada aprovação!
Murilo Martins
Com a ajuda da AIO, aumentei os meus acertos nos simulados e no ENEM, além de garantia uma TRI mais elevada. Recomendo a AIO para estudantes de todo nível, sendo uma maneira de alavancar a sua nota no menor tempo possível!
Sarah
Neste ano da minha aprovação, a AIO foi a forma perfeita de eu entender meus pontos fortes e fracos, melhorar minha estratégia de prova e, alcançar uma nota excepcional que me permitiu realizar meu objetivo na universidade dos meus sonhos. Só tenho a agradecer à AIO ... pois com certeza não conseguiria sozinha.
A AIO utiliza cookies para garantir uma melhor experiência. Ver política de privacidade
Aceitar