Leia o texto a seguir para responder à questão
— Não chores, minha flor... segredou-lhe afinal. Tens toda a razão... perdoa-me se fui grosseiro contigo! Mas que queres? todos nós temos orgulho, e a minha posição ao teu lado era tão falsal!... Acredita que ninguém te amará mais do que te amo e te desejo! Se soubesses, porém, quanto custa ouvir cara a cara: Não lhe dou minha filha, porque o senhor é indigno dela, o senhor é filho de uma escrava! Se me dissessem: É porque é pobre! Que diabo! eu trabalharia! se me dissessem: É porque não tem uma posição social! juro-te que a conquistaria, fosse como fosse! É porque é um infame! um ladrão! um miserável! eu me comprometeria a fazer de mim o melhor modelo dos homens de bem! Mas um ex-escravo, um filho de negra, um mulato! E, como hei de transformar todo meu sangue, gota por gota? como hei de apagar a minha história da lembrança de toda esta gente que me detesta?
Fonte: AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Martins Claret, 2010. a
O diálogo entre os personagens Raimundo e Ana Rosa na obra O Mulato, de Aluísio Azevedo (1881), expressa o preconceito racial existente na sociedade maranhense do século XIX.
Da leitura do romance O Mulato, percebe-se que
as classes dirigentes discriminavam os mulatos para evitar uma mobilidade social que colocasse em riscoa estrutura vigente naquela sociedade.
os mulatos representavam uma pequena fração da sociedade maranhense e esperavam chegar ao poder político por meio do casamento com mulheres da elite.
os escravos eram vistos de forma romanceada em razão da característica birracial da sociedade rural maranhense no século XIX.
os abolicionistas defendiam a plena igualdade racial como forma de estabelecer uma sociedade igualitária e justa para todos.
o mulato era aceito pela sociedade por ser símbolo do embranquecimento da população negra como queriam os defensores da manutenção da pureza racial.