Leia o texto a seguir.
Na fazenda de Leôncio havia um grande salão toscamente construído, sem forro nem soalho, destinado ao trabalho das escravas, que se ocupavam em fiar e tecer algodão. Nesse salão, via-se postada uma fila de fiandeiras. Eram de vinte a trinta negras, crioulas e mulatas, com suas tenras crias ao colo ou pelo chão a brincar ao redor delas. Umas conversavam, outras cantarolavam para encurtarem as longas horas de seu fastidioso trabalho. Viam-se ali caras de todas as idades, cores e feitios, desde a velha africana, trombuda e macilenta, até a roliça e luzidia crioula, desde a negra brunida como azeviche até a mulata quase branca.
GUIMARÃES, Bernardo. A escrava Isaura. São Paulo: Ática, 1996. p. 39. [Adaptado].
A região de Campos, no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XIX, serviu como cenário para o romance A escrava Isaura. No fragmento apresentado, a descrição do ambiente de trabalho revela
a indolência como um costume incorporado à escravidão, dificultando o uso da mão de obra escrava em atividades manufatureiras.
a presença da miscigenação na sociedade escravista, decorrente das relações implícitas na família patriarcal
o descumprimento das leis antiescravistas, regulamentadoras da atividade de velhos e crianças submetidos ao cativeiro.
a hierarquização de tarefas no cativeiro, associada à distinção entre escravos nascidos no Brasil e na África.
as condições de trabalho do escravo doméstico, atenuadas pela proximidade que eles mantinham com os seus senhores.