Leia o texto a seguir.
As constantes alterações ambientais (deliberadas ou acidentais) provocadas pela atividade comercial humana acarretam uma série de modificações na composição das populações originais. São todas gama de espécies: vegetais, animais e de microrganismos introduzidas pelo homem em praticamente todos os ambientes. Muitas destas espécies se tornam invasoras, multiplicando-se a tal ponto que passam a ser problemas nos ambientes invadidos.
Cerca de 80% do comércio mundial é feito hoje por transporte marítimo internacional, o que vem ocasionando a eliminação ou redução nas barreiras naturais que separavam os diferentes ecossistemas. Esse tipo de transporte provoca a movimentação anual estimada em 10 bilhões de toneladas de água de lastro e a circulação diária de aproximadamente 3.000 espécies de organismos em todo o mundo por essa via.
Os navios sempre foram a principal fonte de introdução de espécies exóticas, anteriormente por incrustações nos cascos e atualmente pelo transporte de água de lastro. O lastro consiste em qualquer material usado para dar peso e/ou manter a estabilidade de um objeto.
O mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) é um molusco bivalve originário do sudeste asiático (China, Coreia e outros). Na América do Sul, as primeiras coletas de L. fortunei foram feitas em 1991, no estuário do Rio da Prata, Argentina e sugere-se que sua introdução no continente tenha ocorrido por meio da água de lastro de navios mercantes procedentes da Ásia, a qual foi descarregada nas operações portuárias das embarcações, liberando assim larvas desses organismos no novo ambiente. Em 1996, o mexilhão foi encontrado no Rio Paraná, Argentina, demonstrando assim uma capacidade impressionante de dispersão da espécie numa velocidade aproximada de 240 km por ano.
A espécie entrou na América do Sul pela Bacia do Prata e já está presente em praticamente toda a bacia do Paraná. Tem causado problemas como entupimento de tubulações e turbinas, obstrução de canais e, no tratamento de água causando “macrofouling” ou “biofouling”, quer seja: redução do diâmetro e obstrução de tubulações, redução da velocidade de fluxo da água, aumento do processo de corrosão de tubulações, gosto e odor na água, entre outros.
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0031-10492010003400001>. Disponível em: <http://www.ecologia.ufrgs.br/lagoguaiba/eventos/MostraTrabalhos/trabalhos/09- DIAGN%D3STICO%20E%20CONTROLE%20DO%20MEXILH%C3O.pdf>. Acesso em 05 nov. 2015. (Adaptado)
Baseado no texto e nos seus conhecimentos sobre ecologia, qual a possível solução para evitar que a espécie invada outras bacias como a Bacia Amazônica?
Introduzir preventivamente o predador conhecido da espécie no ambiente.
Adicionar larvicida na água de lastro evitando a proliferação de larvas do molusco.
Introduzir uma doença viral na água de lastro.
Fazer a troca da água de lastro em ambiente marinho, evitando-se a introdução de espécies de água doce nas outras bacias.
Proibir a entrada de navios que tenham água de lastro.
Para impedir que o mexilhão-dourado se disperse para novas bacias hidrográficas, o ponto crucial é evitar que suas larvas (presentes na água de lastro dos navios) sejam descarregadas em portos de água doce. A prática mais eficaz, preconizada por organismos internacionais (IMO – International Maritime Organization), é realizar a troca da água de lastro em alto-mar, longe da costa, onde a salinidade elevada provoca a morte das larvas de organismos de água doce. Assim, quando o navio chegar a um rio ou estuário, não haverá larvas viáveis para colonizar o novo ambiente. Essa providência corresponde à alternativa D.
Espécie exótica invasora: organismo introduzido fora de sua área de ocorrência natural que se estabelece, multiplica-se rapidamente e causa impactos econômicos, ambientais e sociais.
Água de lastro: água bombeada para os tanques dos navios para garantir estabilidade durante a navegação. Ao ser carregada em um porto e descarregada em outro, pode transportar milhares de espécies.
Gerenciamento de lastro: inclui troca em mar aberto (≥ 200 milhas da costa e ≥ 200 m de profundidade) ou tratamentos físicos/químicos que eliminem organismos presentes.