Leia o TEXTO 17 e responda à questão.
TEXTO 17
Os africanos não escravizavam africanos, nem se reconheciam então como africanos. Eles se viam como membros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias, de um reino e de um grupo que falava a mesma língua, tinha os mesmos costumes e adorava os mesmos deuses. Eram, ainda que pudessem ignorar estes nomes – que muitas vezes lhes eram dados por vizinhos ou adversários –, mandingas, fulas, bijagós, axantes daomeanos, vilis, iacas, caçanjes, lundas niamuézis, macuas, xonas – e escravizavam os inimigos e os estranhos. Quando um chefe efique de Velho Calabar vendia a um navio europeu um grupo de cativos ibos, não estava vendendo africanos nem negros, mas ibos, uma gente que, por ser considerada por ele inimiga e bárbara, podia ser escravizada. E quando negociava um efique condenado por crime, vendia quem, por força da sentença, deixara de pertencer ao grupo.
O comércio transatlântico de escravos era controlado pelos grandes da terra, pelos poderosos da Europa, da África e das Américas. Fazia parte de um processo de integração econômica do Atlântico, que envolvia a produção e a comercialização, em grande escala, de açúcar, algodão, tabaco, café e outros bens tropicais, um processo no qual a Europa entrava com o capital, as Américas com a terra e a África com o trabalho, isto é, com a mão de obra escrava.
SILVA. A. C. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2012, p. 88-89.
A partir da interpretação do TEXTO 17 e de seus conhecimentos sobre o tráfico de pessoas escravizadas, assinale a alternativa CORRETA.
O texto demonstra que os europeus apenas se beneficiaram de um negócio já existente entre os próprios africanos, verdadeiros criadores da instituição da escravidão moderna a partir das guerras locais.
O texto, pelo nível de detalhes que oferece sobre os diversos povos africanos envolvidos no tráfico de pessoas escravizadas, ressalta a escravidão como uma instituição africana, transformando os europeus em meros compradores.
O tráfico de pessoas escravizadas é tratado como uma forma legítima e justa de riqueza por todos os envolvidos, beneficiando economicamente todas as regiões do mundo atlântico.
O tráfico atlântico de pessoas escravizadas está inserido em um processo de integração econômica do Atlântico Sul, envolvendo interesses de poderosos na Europa, nas Américas e em regiões da África.
O texto evidencia que o tráfico transatlântico de escravos manteve a mesma dinâmica durante os séculos XVI, XVII, XVIII e XIX, articulando atores diversos, em especial, os chefes africanos.