Leia:
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia
(Fernando Pessoa, Poemas de Alberto Caeiro)
Curiosamente (ou propositadamente), Alberto Caeiro dispensa o substantivo “rio” para Tejo (como que suficientemente famoso) e por outro lado não nomeia o rio de sua aldeia (como que insignificante). Em função disso, pode-se afirmar que nesse trecho há a temática do(a):
regionalismo, pois o “eu” poético destaca a beleza do rio de sua aldeia, em detrimento do maior e mais conhecido rio de Portugal.
nacionalismo, pois o “eu” poético, embora exalte o rio de sua aldeia, indiretamente valoriza o rio Tejo, que está ligado à história lusa.
paradoxo, pois o “eu” poético proclama a beleza do maior e mais famoso rio de Portugal (de lá saíram as grandes navegações) e em seguida se contradiz.
individualismo, pois para o “eu” poético um objeto (no caso o rio de sua aldeia) só passará a ter significado se esse mesmo objeto representar suas origens.
relatividade, pois a importância significativa de um objeto (no caso o rio de sua aldeia) depende da identificação existente entre o “eu” poético e o próprio objeto.