Leia o soneto “Sobre o cisne de Stéphane Mallarmé”, do poeta Eduardo Guimaraens (1892- 1928):
Um Sonho existe em nós como um cisne num lago
De água profunda e clara e em cujo fundo existe
Outro cisne alvo e triste, e ainda mais alvo e triste
Que a sua forma real de um tom dolente e vago.
Nada: e os gestos que tem, de carícia e de afago,
Lembram da imagem tênue, onde a tristeza insiste
Por ser mais alva, a graça inversa em que consiste
A dolente mudez de um espelho pressago.
Um cisne existe em nós como um sonho de calma,
Plácido, um cisne branco e triste, longo e lasso
E puro, sobre a face oculta de nossa alma.
E a sua imagem lembra a imagem de um destino
De pureza e de amor que segue, passo a passo,
Este sonho imortal como um cisne divino!
Quatro grandes poetas franceses influenciaram os simbolistas brasileiros, a partir do aparecimento desse estilo no Brasil, no final do século XIX. Esses poetas foram: Charles Baudelaire (1821-1867), Paul Verlaine (1844-1896), Arthur Rimbaud (1854-1891) e Stéphane Mallarmé (1842-1898). Não é à toa, pois, que o soneto de Guimaraens seja dedicado a este último.
Assinale a afirmativa que, referindo-se corretamente ao soneto, apresenta influências de Mallarmé na poesia simbolista brasileira:
Na poesia deve predominar a realidade interior, com aproximação da música e a despreocupação em figurar linhas e formas dos objetos sugeridos.
A faculdade essencial do poeta deve ser a imaginação, com o tema escolhido sendo exposto de forma lógica, a fim de que as palavras adquiram plurissignificação.
A preferência intelectual deve enfocar, acima de tudo, a natureza, desprezando-se, em consequência, o misterioso, o místico e o sobrenatural.
Parcimônia no uso de comparações, valorizando-se as rimas ricas (como “existe / triste”), as palavras musicais e os objetos a serem descritos.
O assunto deve ser uma noção abstrata e intelectual, na qual se valoriza a imagem e se observa o predomínio da sugestão sobre o sentido explícito da linguagem.