Leia o soneto Fanatismo, da poeta portuguesa Florbela Espanca.
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
(Sonetos, 1997.)
A temática desse poema pode ser relacionada ao
Modernismo, pois se notam experimentações linguísticas que objetivam dar uma linguagem rebuscada e hermética ao texto.
Classicismo, uma vez que a presença de seres da mitologia clássica é evidente na descrição que o eu lírico faz de si mesmo.
Barroco, visto que o eu lírico condena o fanatismo atrelado a crenças e a misticismos considerados irracionais.
Romantismo, visto que o eu lírico despreza a contenção dos sentimentos e expressa suas emoções de forma exacerbada.
Arcadismo, pois o eu lírico e o ser amado inserem-se em um ambiente campestre em que os elementos da natureza são descritos detalhadamente.