Leia o soneto de Olavo Bilac.
O incêndio de Roma
Raiva o incêndio. A ruir, soltas, desconjuntadas,
As muralhas de pedra, o espaço adormecido
De eco em eco acordando ao medonho estampido,
Como a um sopro fatal, rolam esfaceladas.
E os templos, os museus, o Capitólio erguido
Em mármore frígio, o Foro, as erectas arcadas
Dos aquedutos, tudo as garras inflamadas
Do incêndio cingem, tudo esbroa-se partido.
Longe, reverberando o clarão purpurino,
Arde em chamas o Tibre e acende-se o horizonte...
– Impassível, porém, no alto do Palatino,
Nero, com o manto grego ondeando ao ombro, assoma
Entre os libertos, e ébrio, engrinaldada a fronte,
Lira em punho, celebra a destruição de Roma.
BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção de Marisa Lajolo. São Paulo: Global, 2003. p. 31.
Esse soneto atualiza um acontecimento que se refere, em específico, a um dos comportamentos insanos registrados pela História Antiga. A poetização desse fato atinge seu auge com a
descrição de edifícios públicos destruídos.
constatação da influência grega em Roma.
abrangência de lugares atingidos pelo incêndio.
indiferença da conduta mantida pelo Imperador.
transformação do fogo em elemento ativo.