Leia o soneto de Florbela Espanca para responder à questão.
Não ser
Quem me dera voltar à inocência
Das coisas brutas, sãs, inanimadas,
Despir o vão orgulho, a incoerência:
— Mantos rotos de estátuas mutiladas!
Ah! Arrancar às carnes laceradas
Seu mísero segredo de consciência!
Ah! Poder ser apenas florescência
De astros em puras noites deslumbradas!
Ser nostálgico choupo1 ao entardecer,
De ramos graves, plácidos, absortos
Na mágica tarefa de viver!
Ser haste, seiva, ramaria inquieta,
Erguer ao sol o coração dos mortos
Na urna de ouro duma flor aberta!...
(A mensageira das violetas, 1997.)
1choupo: espécie de árvore.
Leia o poema de Hilda Hilst para estabelecer uma comparação com o de Florbela Espanca.
Leva-me a um lugar onde a paisagem
Se pareça àquela das visões da mente.
Que seja verde o rio, claro o poente
Que seja longa e leve a minha viagem.
Leva-me sem ódio e sem amor
Despojada de tudo que não seja
Eu mesma. Morna estrutura sem cor
A minha vida. E sem velada beleza.
Leva-me e deixa-me só. Na singeleza
De apenas existir, sem vida extrema.
E que no escuro claustro do poema
Eu encontre afinal minha certeza.
(Poesia: 1959-1979, 1980.)
É correto afirmar que os sujeitos de ambos os poemas
têm consciência de que logo morrerão, por isso explicitam o ideal de viver intensamente as emoções de amor e ódio.
expressam um descontentamento, que se desdobra no desejo de fuga para um estado distante do momento presente.
se referem à infância com ternura, pois é nesse período que se vivem as emoções mais sinceras e intensas.
se encontram em uma situação tranquila, perceptível na descrição do convívio harmônico com os outros em meio à natureza.
estão satisfeitos com o estado em que se encontram, contemplando a natureza à sua volta com acentuada gratidão.