Leia o soneto abaixo, de Florbela Espanca.
Fumo*
Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces plenas de carinhos!
Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...
Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos...
Assinale a alternativa correta sobre “Fumo”.
Invocação do ser amado, que desaparece no último terceto, onde o padrão das rimas do soneto é abandonado enquanto o fumo foge no ar.
Reflexão sobre velhice abandonada que, no entanto, pode ser acariciada e acolhida pelas mãos gentis do interlocutor outonal e apaixonado.
Invocação do ser amado, que abre os olhos da poeta e permite que os sonhos não se percam como fumo nas noites invernosas.
Reflexão sobre Outonos tristes e crisântemos, com imagens românticas e crepusculares que não aparecem em outros poemas da autora.
Invocação do ser amado, que se revela, entre outros recursos, no uso da segunda pessoa gramatical e no vocativo do terceto final.