PUC-PR Inverno Demais Cursos 2018
Leia o seguinte poema de Paulo Leminski.
aço em flor
Quem nunca viu
que a flor, a faca e a fera
tanto fez como tanto faz,
e a forte flor que a faca faz
na fraca carne,
um pouco menos, um pouco mais,
quem nunca viu
a ternura que vai
no fio da lâmina samurai,
esse, nunca vai ser capaz.
(LEMINSKI, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 198.)
A partir da análise desse poema é CORRETO afirmar que
em Caprichos e relaxos, onde saiu este poema, seu primeiro livro por uma grande editora, Leminski acerta as contas com seu passado concretista e parte em busca de uma poesia com uma dicção mais simples, para isso buscando inspiração na literatura e na filosofia orientais.
“Aço em flor” é testemunha não apenas de uma virada leminskiana rumo a uma estética próxima ao zen-budismo mas também de uma ruptura mais aguda com toda a herança modernista ocidental.
herdeiro originalmente das vanguardas dos anos 1950 e 1960, Leminski, no livro Distraídos venceremos, de 1987, onde foi publicado originalmente este poema, prossegue em seu afastamento da estética concretista, iniciado antes.
este poema é um típico exemplo do haicai japonês, que foi muito praticado por Leminski: concisão, economia de recursos e um viés reflexivo que vai beber nas fontes do zen-budismo japonês, de que o poeta foi adepto.
inserindo-se na tradição beat, que foi buscar influências no Oriente para renovar a poesia ocidental, Leminski é o principal exemplo dessa corrente na segunda geração do modernismo.
E mais: nota TRI a todo o momento.
