Leia o seguinte fragmento do livro Um mestre na periferia do capitalismo, de Roberto Schwarz, a respeito de Memórias póstumas de Brás Cubas.
A solução artística elaborada no Brás Cubas marcava o fim de um ciclo da literatura nacional. A figura do narrador desacreditado e pouco estimável não se prestava ao papel construtivo que por mais de um século os escritores, tanto árcades como românticos, impregnados pelo movimento de afirmação da nacionalidade, haviam atribuído às letras e a si mesmos.
(SCHWARZ. Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. São Paulo: Duas Cidades. Ed. 34, 2000. p. 118.)
Com base nesse excerto é correto afirmar que
com Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis rompe definitivamente com seu passado arcádico e romântico, iniciando o Realismo na literatura brasileira.
esse romance é o marco inicial do Realismo, pois com ele, pela primeira vez na narrativa de ficção brasileira, aparece um herói verdadeiramente positivo, capaz de representar em si o movimento de afirmação da nacionalidade.
com a figura de Brás Cubas, o narrador-protagonista, um “autor defunto”, inaugura-se um novo ciclo na literatura brasileira, um ciclo de maior liberdade e pesquisa formal, que resultaria no Modernismo de 1922.
Machado de Assis, com esse romance, assinala uma ruptura não somente com o romantismo, mas com toda a linhagem da literatura nacional desde o Arcadismo.
como “a figura do narrador desacreditado e pouco estimável não se prestava ao papel construtivo que por mais de um século os escritores, tanto árcades como românticos”, haviam buscado, Machado de Assis, em Memórias póstumas, parte em busca de um novo narrador determinado, íntegro e viril, imagem da nação que se pretendia construir.