Leia o seguinte fragmento de uma fala do Palhaço, personagem de Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.
Aqui, sinto interromper a conversa de dois atores tão importantes, mas é preciso arrumar novamente a cena para o enterro de João. Estamos novamente na terra. Levem seus tronos, por favor, enquanto se ajeita o resto do cenário e o espetáculo continua. (Depois da saída dos dois atores.) Chicó arranjou uma rede e colocou nela o corpo do amigo. Vamos enterrá-lo, ele e eu. Vai começar o ato final da peça.
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 21 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1985, p. 190.
Com base nesse trecho e na totalidade da peça, considere as seguintes afirmações:
I. A presença do Palhaço é mais um indício das fontes populares da dramaturgia de Ariano Suassuna.
II. Misto de peça teatral e número circense, o Auto da Compadecida exemplifica à perfeição o hibridismo das formas do teatro modernista brasileiro.
III. A irrupção do Palhaço, depois do julgamento efetuado por Manuel (Jesus Cristo) e a Compadecida (Nossa Senhora), é uma das formas de que o autor lança mão para dessacralizar os elementos religiosos de seu teatro, tornando-os mais humanos.
IV. Esta intervenção do Palhaço corrobora o caráter metateatral dessa peça de Ariano Suassuna.
V. Como esta cena o demonstra, o Auto da Compadecida se serve do “efeito de estranhamento” teorizado e praticado pelo dramaturgo alemão Bertold Brecht.
É CORRETO somente o que se afirma em
II e V.
I e IV.
III e IV.
I e V.
I, II e IV.