Leia o relato de Tollenare, um viajante europeu que esteve em Recife em fins de 1816.
“Entre eles (os escravos) veem-se homens cuja fisionomia é ainda altiva ou feroz: dir-se-ia que, mordendo o freio a tremer, cogitam os meios de se libertarem, mas isto não passa, talvez, de uma ilusão, porquanto não se percebe precaução alguma tomada contra as tentativas que possam fazer; todos não têm este aspecto inquietador. Vi negros muito calmos e muito submissos [...]”.
Citado em: Jaime Rodrigues. O infame comércio. Campinas: Editora da UNICAMP, 2000, p.51
Após a análise do trecho, assinale a alternativa correta.
O medo de uma possível revolta de escravos está explícito no trecho, por isso a preocupação, das autoridades, em reprimir os escravos “ferozes” e os “inquietos”.
É demonstrada a preocupação, por parte dos europeus, com o comércio de escravos realizado em Recife, daí as medidas tomadas a favor da extinção da escravidão no ano referido.
O viajante, impressionado com os maus-tratos sofridos pelos escravos, relata sua preocupação com as relações entre senhores e escravos, defendendo o fim do tráfico.
Sob uma perspectiva geral, o trecho não guarda relação com as impressões causadas, entre os europeus, do comércio escravo no Brasil. Relatos como esses são raros de encontrar.
A dicotomia “feroz” e “submissos” parte de uma ótica senhorial da escravidão. O primeiro é, antes de tudo, revoltado ou inquieto porque não aceita sua condição.