Leia o poema para responder à questão.
Meninos carvoeiros
Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
– Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe,
[dobrando-se com um gemido.)
– Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles...
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
– Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos
[desamparados!
(Manuel Bandeira, Estrela da vida inteira, 1993)
Vocabulário:
• Relho: chicote
• Aniagem: tecido grosseiro usado na confecção de sacos e fardos
• Encarapitados: postos no alto
• Alimárias: bestas de carga
Nos versos em que aparece, a frase “– Eh, carvoero!” denota uso
de linguagem popular, marcando a relação assimétrica de condição social entre o eu lírico e os meninos.
da língua com sobriedade, marcando o distanciamento do eu lírico e da velhinha em relação aos meninos.
de variedade linguística comum à infância, marcando a fala entusiasmada dos meninos carvoeiros.
de linguagem formal, marcando o afastamento intencional do eu lírico em relação à velhinha e os meninos.
de coloquialismo, marcando a interação social e linguística entre o eu lírico, a velhinha e os meninos.