USF 2013/1

Leia o poema Explicação, de Carlos Drummond de Andrade, e assinale a questão errada a respeito do texto e do autor.

 

Meu verso é minha consolação.

Meu verso é minha cachaça. Todo mundo tem sua cachaça.

 

Para beber, copo de cristal, canequinha de folha-de-flandres,

folha de taioba, pouco importa: tudo serve.

Para louvar a Deus como para aliviar o peito,

queixar o desprezo da morena, cantar minha vida e trabalhos

é que faço meu verso. E meu verso me agrada.

 

Meu verso me agrada sempre...

Ele às vezes tem o ar sem-vergonha de quem vai dar uma cambalhota

mas não é para o público, é para mim mesmo essa cambalhota.

Eu bem me entendo.

Não sou alegre. Sou até muito triste.

A culpa é da sombra das bananeiras de meu país, esta sombra mole, preguiçosa.

Há dias em que ando na rua de olhos baixos

para que ninguém desconfie, ninguém perceba

que passei a noite inteira chorando.

Estou no cinema vendo fita de Hoot Gibson,

de repente ouço a voz de uma viola...

saio desanimado.

Ah, ser filho de fazendeiro!

 

A beira do São Francisco, do Paraíba ou de qualquer córrego vagabundo,

é sempre a mesma sen-si-bi-li-da-de.

E a gente viajando na pátria sente saudades da pátria.

Aquela casa de nove andares comerciais

é muito interessante.

A casa colonial da fazenda também era...

No elevador penso na roça,

na roça penso no elevador.

 

Quem me fez assim foi minha gente e minha terra

e eu gosto bem de ter nascido com essa tara.

Para mim, de todas as burrices a maior é suspirar pela Europa.

A Europa é uma cidade muito velha onde só fazem caso de dinheiro

e tem umas atrizes de pernas adjetivas que passam a perna na gente.

O francês, o italiano, o judeu falam uma língua de farrapos.

Aqui ao menos a gente sabe que tudo é uma canalha só,

lê o seu jornal, mete a língua no governo,

queixa-se da vida (a vida está tão cara)

e no fim dá certo.

 

Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou.

Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?

(De Alguma poesia – 1930)

a

O poema inicia-se com metáforas que vão mostrar o quanto a “cachaça” dos versos é importante, pois serve para louvar e para exteriorizar sentimentos.

b

A função de linguagem predominante é a emotiva “mas não é para o público, é para mim mesmo essa cambalhota”.

c

Há versos que mostram a vida do poeta “Ah, ser filho de fazendeiro!/ A casa colonial da fazenda também era.../ Quem me fez assim foi minha gente e minha terra”.

d

A objetividade do poema e o falar de assuntos pessoais afastam o texto da temática comumente explorada por Carlos Drummond de Andrade que, normalmente, costuma mais explorar temas sobre o fazer poético, os amigos e a família, além de falar sobre a guerra.

e

No final do poema, ao fazer a comparação entre a Europa e o Brasil, há a valorização das coisas nacionais “e no fim dá certo.” e o poeta joga para o leitor a responsabilidade “Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou.”

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D
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