Leia o poema “Encontro”, retirado do livro Claro enigma (1951), de Carlos Drummond de Andrade.
Encontro
Meu pai perdi no tempo e ganho no sonho.
Se a noite me atribui poder de fuga,
sinto logo meu pai e nele ponho
o olhar, lendo-lhe a face, ruga a ruga.
Está morto, que importa? Inda madruga
e seu rosto, nem triste nem risonho,
é o rosto antigo, o mesmo. E não enxuga
suor algum, na calma de meu sonho.
Oh meu pai arquiteto e fazendeiro!
Faz casas de silêncios, e suas roças
de cinza estão maduras, orvalhadas
por um rio que corre o tempo inteiro
e corre além do tempo, enquanto as nossas
murcham num sopro fontes represadas.
Com base no poema, considere as seguintes afirmativas:
1. É um poema que representa o esforço do poeta em Claro enigma de retomar as formas fixas clássicas, como o soneto e a terça-rima.
2. Seguindo a lógica de organização do soneto, nos dois primeiros quartetos, o eu-lírico apresenta o encontro com seu pai no plano onírico e, nos dois tercetos, avalia o que esse mesmo pai construiu após a morte, no plano espiritual (“casas de silêncios” e “roças de cinza” que são irrigadas por um rio atemporal).
3. Em “Encontro”, o eu-lírico, filho de um arquiteto e fazendeiro falecido, percebe que o que ele conseguiu construir até então é muito menor, segundo a sua perspectiva, quando comparado ao que supostamente seu pai construiu.
4. A figura do pai é um elemento muito importante para a poética de Drummond e ele reaparece no poema “A mesa”, também presente em Claro enigma.
Assinale a alternativa correta.
Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.