Leia o poema de Pedro Tierra para responder à questão.
Fui assassinado.
Morri cem vezes
e cem vezes renasci
sob os golpes do açoite.
Meus olhos em sangue
Testemunharam
a dança dos algozes
em torno do meu cadáver.
Tornei-me mineral
memória da dor.
Para sobreviver,
recolhi das chagas do corpo
a lua vermelha de minha crença,
no meu sangue amanhecendo.
[...]
Porque sou o poeta
dos mortos assassinados,
dos eletrocutados, dos “suicidas”,
dos “enforcados” e “atropelados”,
dos que “tentaram fugir”,
dos enlouquecidos.
Sou o poeta
dos torturados,
dos “desaparecidos”,
dos atirados ao mar,
sou os olhos atentos
sobre o crime.
(Pedro Tierra, Poemas do Povo da Noite)
No poema, o uso reiterado das aspas tem a intenção de
amenizar o sentido expresso pelos vocábulos, que originalmente remeteriam a termos notadamente degradantes.
indicar o sentido objetivo dos vocábulos, de forma a negar que a violência tenha causado tantas vítimas.
intensificar o sentido expresso pelos vocábulos, que sugerem o descontrole emocional das pessoas consigo mesmas.
negar o sentido literal dos vocábulos, sugerindo, com viés irônico, que as pessoas foram vítimas da violência.
indicar o sentido conotativo dos vocábulos, sugerindo que existe exagero ao se referir à violência contra as pessoas.