Leia o poema de Fagundes Varela para responder à questão.
O canto dos sabiás
Serão de mortos anjinhos
O cantar de errantes almas,
Dos coqueirais florescentes
A brincar nas verdes palmas,
Estas notas maviosas
Que me fazem suspirar?
São os sabiás que cantam
Nas mangueiras do pomar.
Serão os gênios da tarde
Que passam sobre as campinas,
Cingido o colo de opalas
E a cabeça de neblinas,
E fogem, nas harpas de ouro
Mansamente a dedilhar?
São os sabiás que cantam.
Não vês o sol declinar?
[...]
Ou, quem sabe, as tristes sombras
De quanto amei neste mundo,
Que se elevam lacrimosas
De seu túmulo profundo,
E vêm os salmos da morte
No meu desterro entoar?
São os sabiás que cantam.
Não gostas de os escutar?
[...]
Mas ah! delírio insensato!
Não és tu, sombra adorada!
Não há cânticos de anjinhos,
Nem de falange encantada,
Passando sobre as campinas
Nas harpas a dedilhar!
São os sabiás que cantam
Nas mangueiras do pomar!
(Obras completas, 1962.)
Pertencente a uma geração romântica cuja poesia é marcada pelo subjetivismo, Fagundes Varela organiza o poema alternando estrofes de seis e dois versos, como se fossem duas vozes.
Nessa estrutura, os dísticos
confirmam de maneira sintética o que as sextilhas dizem analiticamente.
expandem e explicam as ideias expressas de maneira vaga nas sextilhas.
respondem de maneira concreta e realista aos devaneios expressos nas sextilhas.
expressam em tom otimista o que as sextilhas dizem com pessimismo.
ignoram cinicamente os questionamentos expressos nas sextilhas.