Leia o poema “Armas”, do escritor romântico Fagundes Varela.
– Qual a mais forte das armas,
A mais firme, a mais certeira?
A lança, a espada, a clavina1,
Ou a funda2 aventureira?
A pistola? O bacamarte?
A espingarda, ou a flecha?
O canhão que em praça forte
Faz em dez minutos brecha?
– Qual a mais firme das armas? –
O terçado3, a fisga4, o chuço5,
O dardo, a maça, o virote6?
A faca, o florete, o laço,
O punhal, ou o chifarote7?...
A mais tremenda das armas,
Pior que a durindana7,
Atendei, meus bons amigos:
Se apelida: – a língua humana! –
(Frederico Barbosa (org.). Cinco séculos de poesia, 2011.)
1 clavina: carabina.
2 funda: tira de couro com que se arremessam pedras.
3 terçado: facão.
4 fisga: arpão.
5 chuço: lança.
6 virote: seta.
7 chifarote e durindana: espadas.
Sobre o poema, é correto afirmar que
os versos longos e a ausência de rimas conferem ao poema o caráter filosófico pretendido pelo eu lírico para tratar da linguagem.
a presença do vocativo “meus bons amigos” sinaliza a intenção do eu lírico de estabelecer maior proximidade com seus interlocutores.
a citação em sequência de substantivos que designam diferentes armas caracteriza o poema como texto narrativo-argumentativo.
a forma verbal “atendei” está empregada no modo subjuntivo e, no contexto, pode-se atribuir ao verbo atender os sentidos de escutar e perceber.
o eu lírico subestima o poder da linguagem humana quando o compara à eficiência de armamentos de diversas categorias.