Leia o poema abaixo.
Ó luz da noite, descobrindo a cor submersa
pelos caminhos onde o espaço é humano e obscuro,
e a vida um sonho de futuros nascimentos.
Eis uma voz – ah, rosa branca em negro plinto!
Eis uma sombra – uma tarde a andar pelas areias.
Eis um silêncio – erguido céu de asas abertas.
Abro esta porta além do mundo, mas não passo.
Basta-me o umbral, de onde se avista o ponto certo,
o grande vértice a que sobe o olhar do mundo.
Fala impossível. Que conversam, na onda insone,
as formações de prata e sal que o oceano tece?
Que comunicam, seiva a seiva, as primaveras?
Palavras gastas de Morte e Amor.
(MEIRELES, 2005, p. 15)
Sobre o poema acima, retirado de Solombra, de Cecília Meireles, todas as alternativas estão corretas, EXCETO
O eu lírico evoca, já na primeira estrofe do poema, palavras que vão sugerir o mundo da morte.
A repetição de palavras no início dos versos da segunda estrofe produz um efeito sonoro no poema; esse recurso recebe o nome de anáfora.
O eu lírico estabelece um diálogo com o “outro” através de suas indagações, mas tem consciência da efemeridade das coisas terrenas.
A vida e a morte não estão relacionadas com os elementos da natureza, por isso o eu lírico cultiva o dualismo e a racionalidade.