Leia o poema a seguir para responder à questão.
Catar feijão
Catar feijão se limita com escrever:
Joga-se os grãos na água do alguidar
E as palavras na folha de papel;
E depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
Agua congelada, por chumbo seu verbo:
Pois para catar esse feijão, soprar nele,
E jogar fora o leve e o oco, palha eco,
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
O de que entre grãos pesados entre
Um grão qualquer, pedra ou indigesto,
Um grão imastigável, de quebra dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
A pedra dá à frase seu grão mais vivo:
Obstrui a leitura fluviante, flutual,
Açula a atenção, isca-a com o risco.
MELO NETO, João Cabral de. Poesias completas. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 21-22.
Para o eu lírico, o processo de escrita se constitui como uma atividade
emotiva
racional
intuitiva
enfadonha