Leia o poema a seguir.
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
(Carlos Drummond de Andrade)
Carlos Drummond de Andrade é considerado o mais influente poeta brasileiro do século XX. Como escritor modernista, segue a libertação proposta por Oswald de Andrade, com a instituição do verso livre. Se dividirmos o Modernismo em uma corrente mais lírica e subjetiva e em outra mais objetiva e concreta, Drummond faria parte da segunda, ao lado do próprio Oswald de Andrade. Levando em consideração o período literário do qual Drummond faz parte e a compreensão do poema, analise as assertivas a seguir.
I – Na primeira estrofe, o eu lírico diz que o amor não tem uma razão de acontecer, que não é preciso entendê-lo para amar, não é preciso ser correto para sentir. O poema mostra uma característica do autor, que é o fazer poético como uma reflexão.
II – A segunda estrofe expõe que, para se amar, não é preciso querer nada em troca, o amor vem do nada e surge como uma brisa suave, que nos envolve até que estejamos totalmente rendidos. Quanto ao aspecto formal, o Modernismo é marcado pelo soneto, com versos decassílabos, rima optativa e tradição da poesia épica.
III – Na terceira estrofe, o eu lírico não conceitua o amor, simplesmente diz que no amor não há porquês, não há razões, regras a serem seguidas, basta que ele complete a pessoa que ama e que é amada. Pode-se afirmar que é um poema lírico e religioso, marcado pelo conflito entre o pecado e o perdão.
IV – Na quarta estrofe, o poeta compara o amor com a morte, pois o amor contribui para nosso crescimento ou para nossa poda. O poema apresenta objetividade temática e culto à forma.
É correto o que se afirma apenas em
I.
I e II.
I e III.
I e IV.
II e III.