Leia o poema “A morte absoluta” de Manuel Bandeira:
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
a exangue máscara de cera,
cercada de flores,
que apodrecerão – felizes! – num dia,
banhada de lágrimas
nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante…
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
a lembrança de uma sombra
em nenhum coração, em nenhum pensamento,
em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
que um dia ao lerem o teu nome num papel
perguntem: “Quem foi?…”
Morrer mais completamente ainda,
– sem deixar sequer esse nome.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 9. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1982, p. 148-149.
Com base nesse poema, considere as seguintes afirmativas:
I. Este poema demonstra que o poeta, não obstante os novos temas adquiridos com o modernismo, nunca abandonou a temática da morte, tão caro aos influxos simbolistas de suas origens.
II. “A morte absoluta”, do livro Lira dos cinquent’anos, é um sinal da persistência, em sua fase madura, dos temas e das formas modernistas de sua juventude.
III. Embora fortemente influenciado pelo futurismo italiano, os temas tradicionais da lírica ocidental perduram ao longo de toda a obra do porta pernambucano.
IV. Desde que contraiu tuberculose na juventude, o tema da finitude humana impregnou a sensibilidade do poeta, como o demonstra este poema.
É CORRETO somente o que se afirma em:
I e IV.
I e III.
II e IV.
I, II e III.
II, III e IV.