Leia o início do poema “Num bairro moderno”, do poeta português Cesário Verde:
Dez horas da manhã; os transparentes
Matizam uma casa apalaçada;
Pelos jardins estacam-se os nascentes,
E fere a vista, com brancuras quentes,
A larga rua macadamizada.
Rez-de-chaussée repousam sossegados,
Abriram-se, nalguns, as persianas,
E dum ou doutro, em quartos estucados,
Ou entre a rama dos papéis pintados,
Reluzem, num almoço, as porcelanas.
Como é saudável ter o seu conchego
E a sua vida fácil! Eu descia,
Sem muita pressa, para o meu emprego,
Aonde agora quase sempre chego
Com as tonturas duma apoplexia.
E rota, pequenina, azafamada,
Notei de costas uma rapariga,
Que no xadrez marmóreo de uma escada,
Como um retalho de horta aglomerada,
Pousara, ajoelhando, a sua giga.
Sobre o texto e suas relações com o período realista em Portugal, leia as seguintes afirmativas:
I. O poema não se filia ao Parnasianismo, que em Portugal foi uma vertente lírica pouco praticada.
II. O poeta age como um repórter da cidade, sensível às suas pulsões, e, como tal, não se coloca fora do assunto.
III. O texto se vincula ao Parnasianismo, haja vista os recursos da prosa de que se utiliza, como a dissertação e as descrições.
IV. O poeta trabalha o poema em busca da beleza em si, por isso se observa no texto a obsessão pela forma.
V. A ideia central – descrever um bairro rico – está revestida de uma linguagem que tende para o hermetismo.
Assinale a alternativa correta:
Somente as afirmativas III e IV estão corretas
Somente as afirmativas III e V estão corretas
Somente as afirmativas I e IV estão corretas
Somente as afirmativas II e V estão corretas
Somente as afirmativas I e II estão corretas