Leia o fragmento.
"Política é coisa de idiota!". Mas não pode ser! Essa sentença aparece em comentários indignados, cada vez mais frequentes no Brasil, e, em nome da verdade histórica, o que podemos constatar é que acabou se invertendo o conceito original de idiota, pois a expressão idiótes, em grego, significava aquele que só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não à política. Em outros termos, os gregos antigos chamavam de idiota a pessoa que achava que a regra da vida é "cada um por si e Deus por todos".
CORTELLA, Mario Sergio. Política é coisa de idiota? Educar para crescer. Editora Abril. 09/09/2010.12:52 Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/politicapublica/politica-eleicoes-594962.shtml. Acesso em: 21 de outubro de 2016.
No fragmento, Mário Sérgio Cortella faz referência à postura do cidadão na democracia grega antiga e na democracia brasileira atual.
Na democracia grega, a crítica ao idiota se relacionava a uma concepção de democracia vinculada à ideia de
igualdade, estabelecida pelo pleno direito à palavra, independente de sexo, e imposição da idade de dezoito anos para a participação política.
liberdade, garantida pela observância aos direitos e deveres de cada cidadão na defesa da pólis e na escolha dos seus destinos.
universalidade, indicada pelo direito de participação nas decisões tomadas na pólis, concedido a todos os habitantes livres, inclusive aos estrangeiros.
meritocracia, revelada pela possibilidade de os escravos com preparo intelectual necessário para o exercício da política deixarem de ser politicamente marginalizados.