Leia o fragmento de um poema extraído da obra Plural da Ausência, de João Cláudio Arendt.
[...]
Onde a palavra
implosão da cinza
rumor de pedra
e incêndios inúteis?
Onde a vida
barco adernado
geografia de sombras
ponte suspensa
exílio no mármore?
(ARENDT, João Cláudio. Plural da ausência. Caxias do Sul: Biblioteca Pública Municipal, 2009. p.85.)
Com base no poema e na obra, considere as afirmativas abaixo.
I Nos versos, o eu lírico define palavra por meio de metáforas, que sugerem um sentido de descontentamento diante da expressão poética.
II A metáfora barco adernado, na segunda estrofe, sugere que o sujeito lírico sente como se tivesse perdido o rumo de sua vida.
III Em síntese, a cinza implode; o incêndio é inútil; o exílio é no mármore. É plausível afirmar que, na obra Plural da ausência, um sentimento ácido corrói a vida e a palavra, o tempo e o homem.
Das afirmativas acima,
apenas I está correta.
apenas II está correta.
apenas I e III estão corretas.
apenas II e III estão corretas.
I, II e III estão corretas.
Nesse trecho do poema, o estado de desconforto e desalento diante das palavras e da existência é retratado por meio de metáforas como “barco adernado”, “geografia de sombras” e “exílio no mármore”. Todas as três afirmativas (I, II e III) estão corretas, pois, além de as metáforas evidenciarem o descontentamento com a expressão poética, indicam a sensação de perda de rumo e revelam uma atmosfera de corrosão existencial na obra. O poema sugere a presença de um “sentimento ácido” que se alastra pelo homem e por tudo que o cerca, refletindo falta de esperança e intensidade dramática.
Eu lírico: o "eu" que fala no poema, que expressa sentimentos e visões de mundo.
Metáfora: figura de linguagem na qual um termo substitui outro por semelhança de sentido, conferindo maior expressividade.
Sentimento poético: abordagem subjetiva do texto poético, permeada pelo imaginário do eu lírico.