Leia este trecho do poema Oração do Milho, de Cora Coralina.
Senhor, nada valho.
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das
lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso,
nasce e cresce na terra descuidada.
Ponho folhas e hastes, e se me ajudardes, Senhor,
mesmo planta de acaso, solitária,
dou espigas e devolvo em muitos grãos
o grão perdido inicial, salvo por milagre,
que a terra fecundou
Entre as figuras de linguagens presentes nesse poema de Cora Coralina, ocorre a predominância de uma delas a partir da observação do título e da condição assumida pelo eu lírico para dirigir-se ao Criador.
Essa figura de linguagem também está presente no seguinte trecho:
“Coçou o queixo cabeludo, parou, reacendeu o cigarro.” (Graciliano Ramos)
“Na laranja e na couve picada, as coisas brasileiras da feijoada.” (Luiz Bacellar)
“És bela, eu moço; tens amor, eu medo!” (Casimiro de Abreu)
“De tudo ao meu amor serei atento antes...” (Vinicius de Moraes)
“Vendo as pedras que choram sozinhas...” (Raul Seixas)