Leia, com atenção o texto seguinte, para responder à questão.
Texto – Sem título, de Roger Chartier
A leitura é sempre apropriação, invenção, produção de significados. Segundo Michel de Certeau, o leitor é um caçador que percorre terras alheias. Apreendido pela leitura, o texto não tem de modo algum – ou ao menos totalmente – o sentido que lhe atribui o seu autor, seu editor ou seus comentadores. Toda história da leitura supõe, em seu princípio, esta liberdade do leitor que desloca e subverte aquilo que o livro pretende impor. Mas esta liberdade leitora não é jamais absoluta. Ela é cercada por limitações derivadas das capacidades, convenções e hábitos que caracterizam, em suas diferenças, as práticas de leitura. Os gestos mudam segundo os tempos e lugares, objetos lidos e as razões de ler. Novas atitudes são inventadas, outras se extinguem. Do rolo antigo ao códex medieval, do livro impresso ao texto eletrônico, várias rupturas maiores dividem a longa história das maneiras de ler. Elas colocam em jogo a relação entre o corpo e o livro, os possíveis usos da escrita e as categorias intelectuais que asseguram sua compreensão.
(CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Unesp, 1998).
Analise as considerações seguintes, julgando-as verdadeiras (V) ou falsas (F).
( ) Conjugando-se esse texto de Roger Chartier com o de Michel de Certeau, é perceptível a noção de intertexto, não só por meio da referência explícita a este autor, mas também, e principalmente, por meio da apropriação de ideias dele.
( ) Depreende-se da leitura desse texto de Roger Chartier seu posicionamento em relação à atividade da escrita e à atividade da leitura: ao autor caberia a circunscrição do sentido textual e ao leitor, a sujeição advinda dessa mesma circunscrição.
( ) Infere-se que os suportes textuais (do rolo ao códex, do códex à tela) e as questões culturais que envolvem a leitura (da oral à silenciosa, da silenciosa à virtual) são fatores determinantes ao modo como se produzem textos e como circulam e são recebidos na sociedade.
( ) Tanto Michel de Certeau quanto Roger Chartier posicionam-se metaliguisticamente: este com viés político, já que detalha as oscilações da história da leitura; aquele com viés literário, já que concentra seus julgamentos nas relações de instabilidade entre autores e leitores.
A alternativa CORRETA é
F – V – F – V.
V – V – F – V.
F – F – V – F.
V – F – V – F.