PUC-PR 2010

Leia com atenção o seguinte trecho, retirado da introdução de Senhora, de José de Alencar:

 

Ao Leitor

  Este livro, como os dois que o precederam, não são da própria lavra do escritor, a quem geralmente os atribuem.

A história é verdadeira; e a narração vem de pessoa que recebeu diretamente, e em circunstâncias que ignoro, a confidência dos principais atores deste drama curioso.

  O suposto autor não passa rigorosamente de editor. É certo que tomando a si o encargo de corrigir a forma e dar-lhe um lavor literário, de algum modo apropriar-se não a obra mas o livro.

  Em todo caso, encontram-se muitas vezes nestas páginas exuberâncias de linguagem e afoutezas de imaginação, a que já não se lança a pena sóbria e refletida do escritor sem ilusões e sem entusiasmos. Tive tentações de apagar algum desses quadros mais plásticos ou pelo menos de sombrear as tintas vivas e cintilantes.

  Mas devia eu sacrificar a alguns cabelos grisalhos esses caprichos artísticos de estilo, que talvez sejam para os finos cultores da estética o mais delicado matiz do livro?

  E será unicamente uma fantasia de colorista e adorno de forma, o relevo daquelas cenas, ou antes de tudo serve de contraste ao fino quilate de um caráter? Há efetivamente um heroísmo de virtude na altivez dessa mulher, que resiste a todas as seduções, aos impulsos da própria paixão, como ao arrebatamento dos sentidos.

Fonte: ALENCAR, José de. Senhora. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997, p. 17.


Considere as seguintes afirmações sobre o texto:


I. Uma das chaves de compreensão do texto está nessas frases: “O suposto autor não passa rigorosamente de editor. É certo que tomando a si o encargo de corrigir a forma e dar-lhe um lavor literário, de algum modo apropriar-se não a obra mas o livro. Em todo caso, encontram-se muitas vezes nestas páginas exuberâncias de linguagem e afoutezas de imaginação, a que já não se lança a pena sóbria e refletida do escritor sem ilusões e sem entusiasmos”. Revela-se aqui que José de Alencar reprova sutilmente o comportamento do verdadeiro autor da obra (que não é ele, e sim um anônimo) por este ter escrito de modo imperfeito o texto, deixando ao editor (que seria, de fato, José de Alencar) a tarefa de melhorá-lo. A carta ao leitor seria, desse modo, uma explicação das alterações feitas pelo editor.

II. O final da introdução, indiretamente, situa o conteúdo de Senhora no que Alencar denominou perfis de mulher, que são narrativas de retrato social do ambiente da corte e seus costumes, que se fixam nas descrições românticas, idealizadas e até inverossímeis de mulheres fortes e independentes, que vivenciam transformações que as “melhoram”.

III. A interpelação ao leitor feita no texto é uma jogada metalinguística convencional (muito comum no romantismo), que quer forjar uma explicação plausível às ações do romance. Essa prática se consolidou na tradição folhetinesca e marca, na obra de Alencar, a sua forte relação – mantida de modo hábil em seus textos - com o gosto e as expectativas médias do público leitor.

 


Assinale:

a

Se apenas I e II estiverem corretas.

b

Se apenas II e III estiverem corretas.

c

Se todas estiverem corretas.

d

Se apenas I e III estiverem corretas.

e

Se apenas II estiver correta.

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B
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