Leia atentamente o poema Auto-retrato falado, de Manoel de Barros e, depois, analise as afirmativas a seguir.
“Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas
[entortadas.
Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde
[nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do
[chão, aves, pessoas humildes, árvores e rios.
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de
[estar entre pedras e lagartos.
Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me
[sinto meio desonrado e fujo para o Pantanal onde
[sou abençoado a garças.
Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que
fui salvo.
Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de
[gado.
Os bois me recriam.
Agora eu sou tão ocaso!
Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço
coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de árvore.”
(BARROS, Manoel de. O livro das ignorãças. 4. ed. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 103)
I – Os versos de Auto-retrato falado apontam para uma identificação profunda entre o eu lírico e a natureza.
II – Nos versos apresentados, observa-se a reelaboração do espaço regional como um espaço de memória afetiva.
III – Pode-se dizer que a voz que se manifesta em Auto-retrato falado é de um sujeito que faz uma espécie de balanço do que viveu.
Assinale a alternativa correta.
Somente as afirmativas I e II estão corretas.
Somente as afirmativas II e III estão corretas.
Somente as afirmativas I e III estão corretas.
Nenhuma afirmativa está correta.
Todas as afirmativas estão corretas.