Leia atentamente o excerto a seguir:
“As abordagens convencionais equiparam a urbanização com o crescimento de determinados tipos de assentamento (cidades, áreas urbanas, metrópoles), que são concebidas como unidades territorialmente discretas, delimitadas e autônomas, incorporadas a um cenário mais amplo, de caráter urbano ou rural. Ademais, essas perspectivas frequentemente privilegiam critérios puramente demográficos, tais como limiares demográficos e/ou gradientes de densidade, como base nos quais se classificam padrões de desenvolvimento urbano [...]. Consequentemente, a urbanização se reduz a um processo em que, dentro de cada território nacional, as populações dos lugares densamente habitados (“cidades”) parecem expandir-se em termos relativos e absolutos. Esse é o modelo que tem sido utilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde o começo da década de 1970, quando a instituição começou a produzir dados sobre níveis de população urbana no mundo, e respalda as declarações contemporâneas de que estamos vivenciando uma “era urbana” porque mais da metade da população mundial aparentemente mora em cidades [...]. Embora essas interpretações capturem dimensões significativas da mudança demográfica produzida dentro de um sistema global de assentamentos em desenvolvimento, são limitadas tanto empírica (os critérios para os tipos de assentamentos urbanos apresentam enormes diferenças de acordo com o contexto de cada país), quanto teoricamente (não há uma conceptualização coerente, reflexiva e historicamente dinâmica da especificidade urbana)”.
Fonte: Neil Brenner. “Teses sobre a urbanização”. E Metropolis, nº 19, ano 5, dezembro de 2014, p. 17-18.
De acordo com a passagem acima, é correto afirmar que
os critérios adotados desde a década de 1970 pela ONU são condizentes com a dinâmica da urbanização em cada país, pois consideram cada especificidade territorial urbana nacional.
apesar de, segundo os critérios adotados pela ONU, estarmos vivendo a era urbana da sociedade porque mais da metade da população mundial aparentemente mora em cidades, esses critérios são limitados empiricamente, pois generalizam critérios demográficos e tipologias de assentamentos humanos para todos os países.
os assentamentos humanos — cidades, metrópoles etc.— são as melhores unidades territoriais a partir das quais se podem delimitar demograficamente os critérios e padrões de urbanização, sem limitações empíricas e teóricas.
os assentamentos humanos que mais concentram população inquestionavelmente dão conta de assegurar que realmente adentramos a era urbana da sociedade, haja vista concentrarem a maior parte da população dos seus respectivos países.