Leia atentamente este trecho de Poema: Carta a Stalingrado
Stalingrado...
Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!
O mundo não acabou,
pois que entre as ruínas outros homens surgem,
a face negra de pó e de pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem
enquanto outros, vingadores, se elevam.
A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.
Os telegramas de Moscou repetem Homero.
Mas Homero é velho.
Os telegramas cantam um mundo novo
que nós, na escuridão, ignorávamos.
Fomos encontrálo
em ti, cidade destruída,
na paz de tuas ruas mortas mas não conformadas,
no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas,
na tua fria vontade de resistir.
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As cidades podem vencer, Stalingrado!
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Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres,
a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. "A rosa do povo". 23. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. p.158160.)
A partir dessa leitura, é CORRETO afirmar que o poeta expressa mais do que suas ideias, pois expressa o pensamento de um grupo de intelectuais brasileiros dos anos de 1940 e 1950 que:
Se entusiasmavam pelo heroísmo dos cidadãos de Londres e Madri, que souberam resistir bravamente às agressão fascista, e passaram defender incansavelmente o capitalismo.
Começavam a ser seduzidos pelo Comunismo, ao final da Guerra, por estarem descontentes em relação ao quadro político em vigor no País.
Desenvolviam uma consciência pacifista e ecológica ante o risco de uma guerra nuclear que poderia decorrer da polarização EUA/URSS.
Torciam, em meio à guerra civil russa, pela vitória dos democratas, que lutavam pelo restabelecimento da liberdade.
Defendiam o Nazismo como única possibilidade de organização econômica, social e política da sociedade.