Leia atentamente as estrofes I e II para responder à questão.
Estrofe I
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Luís de Camões (Lisboa 1524 - Lisboa 1580?)
Estrofe II
Ardor em firme coração nascido!
Pranto por belos olhos derramado!
Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve em fogo convertido!
Gregório de Matos (Salvador, 1636 - Recife1696?)
Ao comparar as estrofes I e II, dos respectivos poetas, pode-se afirmar que:
por ser um poeta clássico, Camões define o amor sem fazer uso de contradições ou paradoxos.
a linguagem cultista de Gregório de Matos aborda, sem rebuscamento, a visão paradoxal do amor.
não é possível estabelecer nenhum tipo de intertextualidade entre as estrofes I e II.
Camões (estrofe I) e Gregório de Matos (estrofe II) expressam em linguagem denotativa os jogos de ideias apresentados, mas abordam temas diferentes.
em ambas, os poetas fazem uma reflexão sobre as contradições que nos afetam quando estamos sob a influência do amor.
As estrofes apresentadas são típicas do estilo barroco, no qual o uso de paradoxos é uma característica marcante. Camões, apesar de ser um poeta do Renascimento, em muitos de seus poemas, já apresenta elementos que serão explorados pelo Barroco. Gregório de Matos, por outro lado, é um representante direto do Barroco no Brasil. Ambos os poetas expressam o amor como algo contraditório e complexo, utilizando figuras de linguagem para destacar os paradoxos desse sentimento.
Considere o uso de paradoxos e contradições em ambas as estrofes.
Reflita sobre o estilo literário de cada poeta e como isso se reflete em sua obra.
Observe a temática central das estrofes e identifique a figura de linguagem predominante.
Confundir a linguagem conotativa com a denotativa.
Desconsiderar o contexto histórico-literário dos poetas.
Ignorar o uso de paradoxos como uma característica estilística dos poemas.
O conceito-chave para entender a questão é o paradoxo, que é uma figura de linguagem que consiste na exposição de ideias aparentemente contraditórias, mas que, no contexto, podem revelar uma verdade. Além disso, é importante ter conhecimento sobre o contexto histórico-literário do Renascimento e do Barroco, e reconhecer as características da poesia de Luís de Camões e Gregório de Matos.