Leia abaixo o poema extraído da poesia palaciana portuguesa encontrada no Cancioneiro geral.
Cantiga a uma mulher que lhe disse que não curasse de a servir, que perderia muito nisso
Quem pode tanto perder,
que mais perdido não seja,
quem vos viu e se deseja
livre de vosso poder!
E neste conhecimento,
inda que faleça amor,
o que menos vosso for,
tem menos contentamento
e na culpa maior dor.
Pois que posso eu perder,
s’isto tudo em mim sobeja,
que mais perdido não seja,
vivendo sem vosso ser?
RESENDE, Jorge de. In: RESENDE, Garcia de (org.). Cancioneiro geral, v. 3. Stuttgart: Gedruckt auf Kosten des litterarischen Vereins, 1852, p. 326-327.
Assinale a alternativa que expressa CORRETAMENTE a temática central do poema.
O elogio que o eu lírico faz à capacidade encantatória da amada.
O elogio que o eu lírico faz ao conhecimento da amada.
O elogio que o eu lírico faz ao poder de retórica da amada.
O descontentamento do eu lírico ao demonstrar seu amor à amada.
O descontentamento do eu lírico em não poder se aproximar carnalmente da amada.
O poema apresentado, extraído da poesia palaciana portuguesa do Cancioneiro geral, reflete um típico tema da época: o sofrimento amoroso e o poder da amada sobre o eu lírico. A temática central do poema é o elogio à capacidade encantatória da amada, que mesmo dissuadindo o eu lírico de a servir, ainda assim o mantém preso ao seu encanto. A alternativa correta é a letra A, que faz menção direta ao elogio dessa capacidade encantatória.
Identifique no poema as expressões que indicam a reação do eu lírico em relação à amada.
Considere o contexto da poesia palaciana e o conceito de amor cortês.
Observe a relação entre o sofrimento expresso no poema e o poder atribuído à amada.
Confundir o elogio à amada com uma admiração por seu conhecimento, quando o poema foca no poder encantatório.
Supor que o poema destaque o poder de retórica da amada ao invés de seu poder emocional e afetivo.
Interpretar o descontentamento do eu lírico de forma limitada ao ato de demonstrar amor, não levando em conta o contexto maior de subjugação e encantamento.
Associar o descontentamento do eu lírico a uma questão carnal, desconsiderando as nuances do amor cortês e o foco no poder afetivo da amada.
A poesia palaciana portuguesa, especialmente aquela encontrada no Cancioneiro geral, é marcada por temas como o amor cortês, o sofrimento por amor não correspondido e o poder da figura amada sobre o sujeito poético. A poesia dessa época é muitas vezes caracterizada pela idealização da amada e pela expressão de sentimentos exacerbados de devoção e sofrimento amoroso.