Leia a seguir trechos de uma entrevista feita pelo Jornal do Commercio, de Pernambuco, com o historiador Evaldo Cabral de Mello sobre as comemorações dos 200 anos da chegada da família real ao Brasil, ocorrida em 1808:
Jornal do Commercio – O Brasil tem motivos para comemorar os 200 anos da chegada da família real? Evaldo Cabral de Mello – Só os cariocas. [...] mas os cariocas têm todo o direito de comemorar dom João VI. Afinal, sem isso, o Rio não [...] teria o Jardim Botânico e outras obras que inflam o ego tão vulnerável do habitante desta cidade. Outra coisa, porém, é acreditar [...] [que] ele viera fundar um novo império na América, jogo de cena destinado a macaquear a fuga para o Brasil em ato de grande sabedoria política e afagar a vaidade ingênua dos vassalos brasileiros. [...]
Jornal do Commercio – Que peso teria, então, o episódio de 1808 para a Bahia e Pernambuco, por exemplo?
Evaldo Cabral de Mello – A família real levou a espoliação das províncias do norte a um grau desconhecido até então. O interesse pelas províncias do norte era meramente fiscal, não econômico. O comércio dessas províncias passava diretamente pela Europa, e o Rio de Janeiro não tinha condição de controlar. Quanto ao Rio, estava era de olho grande nas receitas da Bahia e de Pernambuco. [...]
(Entrevista concedida ao Jornal do Commercio, de Pernambuco, 22 jan. 2008. Adaptado)
Sobre os trechos da entrevista e seus conhecimentos sobre a Corte portuguesa no Brasil, assinale a alternativa correta.
Ao defender que o interesse da família real nas províncias do norte era meramente fiscal e não econômico, Evaldo Cabral de Mello refere-se ao aumento na cobrança de impostos que vão servir, entre outras coisas, para custear a presença da Corte no Rio de Janeiro.
Ao afirmar que um novo império foi fundado na América, Evaldo Cabral de Mello defende que a transferência da família real estava ligada ao antigo desejo da Coroa em elevar sua colônia mais próspera, o Brasil, a Reino Unido de Portugal e Algarves.
A primeira parada da Corte portuguesa no Brasil foi Salvador, nesta cidade foi decretada a “abertura dos portos aà nações amigas”, e, por isso, Evaldo Cabral de Mello defende que as províncias do norte lucraram bastante com o comércio interno.
Evaldo Cabral de Mello defende que só os cariocas têm motivos para comemorar os 200 anos da chegada da família real, porque a “abertura dos portos às nações amigas” beneficiou apenas
A construção do Jardim Botânico e outras obras são citadas por Evaldo Cabral de Mello como tendo sido iniciadas antes da chegada da família real. Ou seja, o processo de embelezamento do Rio de Janeiro está inserido nos preparativos para recepcionar a Corte. os comerciantes da província do Rio de Janeiro.