Leia a seguinte explicação:
Bakhtin desenvolve o conceito de “polifonia” em Problemas da Poética de Dostoiévski (PPD). Segundo Bakhtin, é característica do romance ser pluri vocal. Estudando Dostoiévski, Bakhtin observou que o seu discurso romanesco não é apenas pluri vocal — há algo mais além dessa plurivocidade: as vozes dos personagens apresentam uma independência excepcional na estrutura da obra. Como diz Bakhtin, "é como se soassem ao lado da palavra do autor". Observou mais que as múltiplas consciências que aparecem no romance mantêm-se equipolentes, ou seja, em pé de absoluta igualdade, sem se subordinarem à consciência do autor. Também os mundos que povoam os seus romances se combinam numa unidade de acontecimento, porém mantendo a sua imiscibilidade.
ROMAN, Artur Roberto. O conceito de polifonia em Bakhtin: o trajeto polifônico de uma metáfora. In: LETRAS: Curitiba, n.41-42, p. 195-205.1992-93. Editora da UFPR. Texto adaptado.
A propósito de como a polifonia se manifesta em Filandras, de Adélia Prado, é CORRETO afirmar que
há, na obra, um efeito de independência entre as falas das personagens e a voz da narradora, por meio do uso de itálico, como recurso gráfico.
o fator distintivo das vozes das personagens da obra é essencialmente linguístico, devido ao vocabulário que define, de forma peculiar, cada uma dessas vozes.
uma marca particular da escrita de Adélia Prado são as diferentes nuances da voz de uma das personagens, que, à medida que envelhece, modifica sua visão de mundo.
as diferentes vozes presentes nos contos de Filandras são frequentemente misturadas umas às outras, por meio do uso de discurso indireto livre.