Leia a parte transcrita do poema I-Juca-Pirama.
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Um velho Timbira, coberto de glória,
Guardou a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Dizia prudente: – “Meninos, eu vi!”
“Eu vi o brioso no largo terreiro
Cantar prisioneiro
Seu canto de morte, que nunca esqueci:
Valente, como era, chorou sem ter pejo;
Parece que o vejo,
Que o tenho nest'hora diante de mi.
“Eu disse comigo: que infâmia d'escravo!
Pois não, era um bravo;
Valente e brioso, como ele, não vi!
E à fé que vos digo: parece-me encanto
Que quem chorou tanto,
Tivesse a coragem que tinha o Tupi!”
Assim o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava prudente: “Meninos, eu vi!”
DIAS, Gonçalves. I-Juca-Pirama .In:_____. I-Juca-Pirama seguido de Os Timbiras.
Porto Alegre: L&PM Pocket, 1997. p. 28.
A exemplo dos versos destacados, o poema de Gonçalves Dias é considerado épico por causa
do caráter narrativo e da tendência de voltar-se para o passado em tom heroico.
do depoimento do narrador e da garantia de que é uma história da tradição do povo.
da coragem do índio Tupi e do senso de nacionalismo inerente ao tom de seu comportamento.
da imagem indianista do cenário e do teor de ambientação bélica da história.
da construção dialogada do texto e do tipo descritivo detalhadamente explorado.