Leia a letra da música de Carlos Jobim e Paulo Jobim, Passarim, para a Questão.
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro partiu mas não pegou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Me diz o que eu faço da paixão?
Que me devora o coração...
Que me devora o coração...
Que me maltrata o coração...
Que me maltrata o coração...
E o mato que é bom, o fogo queimou
Cadê o fogo? A água apagou
E cadê a água? O boi bebeu
Cadê o amor? O gato comeu
E a cinza se espalhou
E a chuva carregou
Cadê meu amor que o vento levou?
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração...
Que me alegrava o coração...
Que iluminava o coração...
Que iluminava a escuridão...
Cadê meu caminho? A água levou
Cadê meu rastro? A chuva apagou
E a minha casa? O rio carregou
E o meu amor me abandonou
Voou, voou, voou
Voou, voou, voou
E passou o tempo e o vento levou
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta então, me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração...
Que me alegrava o coração...
Que iluminava o coração...
Que iluminava a escuridão...
E a luz da manhã? O dia queimou
Cadê o dia? Envelheceu
E a tarde caiu e o sol morreu
E de repente escureceu
E a lua, então, brilhou
Depois sumiu no breu
E ficou tão frio que amanheceu
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar não deu
Voou, voou, voou, voou, voou
Disponível em: https://www.letras.mus.br/tom-jobim/86251/. Acesso em: 15/06/2016.
Acerca da música de Tom Jobim e Carlos Jobim, analise as sentenças abaixo:
1. Há no texto algumas ideias obsessivas, ou seja, aquelas que são reiteradas e expressas pela imagem da fluidez: uma ocorrência justificada na significação de água, tempo, vento e voo.
2. A passagem do tempo, na música, adquire um tom pesado, cheio de perdas, tentativas malfadadas e indagações quanto ao passado e o presente.
3. Entre os dois primeiros versos da primeira estrofe e os dois versos da terceira estrofe há uma gradação da ocorrência apresentada pelo eu-lírico.
4. Na última estrofe ‘amor e canção’ são elementos correlatos funcionalmente que exercem função análoga.
5. Na última estrofe, no verso: “E ficou tão frio que amanheceu” há uma relação de adição, interdependência, culminância e consecução, na abrangência dos significados de ‘E’, ‘tão’, ‘que’.
6. Os versos “E a lua, então, brilhou/ Depois sumiu no breu” descrevem o fenômeno eclipse lunar.
7. Nos três primeiros versos da quarta estrofe as palavras ‘caminho’, ‘rastro’ e ‘casa’ apresentam-se como extremamente frágeis e sujeitas às intempéries da Natureza e, por extensão, às ‘intempéries’ emocionais.
8. Há uma fixação do eu-lírico no tempo futuro do pretérito em detrimento do presente e do futuro.
9. O elemento coesivo, tal como a pontuação, permite entrever as percepções do eu-lírico acerca da realidade apresentada por ele: muitas indagações e incertezas.
10. A combinação fonética/sonora presente em “Voou, voou, voou, voou, voou” (utilização de consoante sibilante/fricativa e duplicação iterativa de vogal) produzem sensações sonoras e de imagens em dispersão.
Todas as afirmações acima estão corretas, exceto as de números:
1 e 4
2 e 5.
3 e 7.
6 e 8.
9 e 10.