Leia a crônica de Paulo Brabo e responda à questão.
DUZENTAS GRAMAS
Meu amigo Hélio, que é pai do Arthur e diz sonoramente trêss e déss (ao invés de, digamos, “trêis” e “déis”) fica indignado quando peço na padaria duzentas gramas de presunto – quando a forma correta, insiste ele, é “duzentos” gramas. Sempre que acontece e estamos juntos acabamos discutindo uns dez minutos sobre modos diferentes de falar. Ele de praxe argumenta que as regras de pronúncia e ortografia, se existem, devem ser obedecidas – e que os mais cultos (como eu, um cara que traduz livros!) devem insistir na forma correta a fim de esclarecer e encaminhar gente menos iluminada, como supõe-se seja a moça que me vende na padaria o presunto e o queijo. Eu sempre argumento que quando ele diz que só existe uma forma correta de falar está usurpando um termo de outro ramo, e tentando aplicar a ética à gramática: como se falar “corretamente” implicasse em algum grau de correção moral; como se dizer “duzentas” gramas fosse incorrer numa falha de caráter e dizer “duzentos” fosse prova de virtude e integridade. [...]
https://tinyurl.com/ya6ta9cr%20%20Acesso%20em:%2009.11.2017.
Segundo o texto, é possível afirmar que
o autor do texto, apesar de admitir o uso de “duzentas gramas”, afirma que há formas incorretas de pronunciar palavras como “três” e “dés”.
a forma correta a que o autor se refere tem como parâmetro a linguagem coloquial e não a norma culta padrão da língua portuguesa.
há formas de se expressar que não devem existir, principalmente em contextos sociais como o que foi retratado pela crônica.
a expressão que dá nome à crônica faz parte da oralidade do autor e implica, também, questões de prestígio social.
há uma incongruência na afirmação da personagem Hélio, pois o que ele afirma não acontece na vida real.