Lê-se numa crônica de Manuel Bandeira, escrita em 1934:
Tenho um amigo que andou alguns anos na Alemanha onde gozou, como bom brasileiro, da liberdade de costumes que vai por lá. Mas parece que houve um momento em que se descuidou, e o resultado foi uma paternidade, bravamente aceita. Voltou para o Brasil, veio depois a vitória nazista, e agora chega uma carta em que se lhe pede que prove perante os tribunais alemães a sua qualidade de ariano. (...) A carta acabava como acabam hoje todas as cartas dos alemães que se conformaram com o nazismo – com um “Heil Hitler!”, como quem diz “ciao”.
(Crônicas inéditas. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p. 160. Org. por Julio Castañon Guimarães)
Soube-se depois que esse “amigo” a que discretamente se referia Manuel Bandeira era Sérgio Buarque de Holanda, autor de Raízes do Brasil, um clássico da época, assim como o foi Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre.
A Segunda Guerra Mundial eclodiu quando Hitler começou a aplicar seu programa internacional de expansão nazista na Europa. Um dos antecedentes dessa Guerra é:
A chamada Paz Armada, que estimulou a formação de alianças diplomáticas e político-militares entre as potências europeias, quase sempre secretas, seguida de uma acelerada corrida armamentista.
O apoio dos russos ao nacionalismo sérvio, que pretendia incorporar todas as populações de origem eslava numa única e poderosa entidade política, que ficou conhecida como a Grande Sérvia.
O cenário de tensão desenhado a partir da década de 1920, no qual a Alemanha, disposta a conquistar a supremacia mundial, criou áreas de atritos com as demais potências na partilha da África.
Os confrontos políticos, militares e econômicos que envolveram países poderosos como a Inglaterra, França, Alemanha e os Impérios Austro-húngaro e Russo, além de Estados agressivamente nacionalistas.
A Grande Depressão, que ao intensificar a disputa pelos mercados consumidores e fornecedores de matérias-primas, levou a políticas protecionistas dos mercados nacionais, reacendendo velhas rivalidades.