Jogos Florais
I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico‐tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.
(CACASO. Lero‐lero. São Paulo: Cosac e Naify, 2002.)
Leia o texto.
Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossas flores têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(Gonçalves Dias.)
A partir da leitura de “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, assinale a alternativa correta.
“Canção do Exílio” e “Jogos Florais” são símbolos do nacionalismo ufanista brasileiro.
A repetição dos mesmos elementos rítmicos nos dois poemas é exclusiva e determinante para que haja intertextualidade.
Os versos de Cacaso, através de ironias que remetem ao período vivido pelo poeta, estão em diálogo com os de Gonçalves Dias.
Apesar da repetição do primeiro verso nos poemas, pode‐se dizer que os textos são plenamente independentes entre si, não havendo qualquer acréscimo em nível de compreensão textual a partir da leitura de ambos.