Já rompe, Nise, a matutina aurora
O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do Sol a face pura,
Tinha escondido a chama brilhadora.
Que alegre, que suave, que sonora,
Aquela fontezinha aqui murmura!
E nestes campos cheios de verdura
Que avultado prazer tanto melhora!
Só minha alma em fatal melancolia,
Por te não poder ver, Nise adorada,
Não sabe inda que coisa é alegria;
E a suavidade do prazer trocada
Tanto mais aborrece a luz do dia,
Quanto a sombra da noite mais lhe agrada.
CLÁUDIO MANUEL DA COSTA
Assinale a única afirmação que não se refere ao poema acima.
A natureza é caracterizada pelos seus traços tipicamente brasileiros, em oposição aos traços idealizados da natureza típica do arcadismo europeu.
A natureza é caracterizada, de acordo com as normas do estilo arcádico, como lugar ameno, em que à noite se segue o dia, com o sol claro, a fonte murmurante e os campos verdejantes.
Este poema é um soneto, forma fixa composta por catorze versos, agrupados em dois quartetos e dois tercetos.
O eu lírico exprime a tristeza de estar separado de Nise, a sua amada, em contraste com a alegria que a natureza diurna manifesta.
O eu lírico intensifica a expressão da sua tristeza por não ver a mulher amada, ao afirmar a sua preferência pela noite em oposição ao dia.