“Já não tínhamos mais nem pão para comermos apenas o polvo impregnado de morcegos, que tinham lhe devorado toda a substância e que tinham um fedor insuportável por estar empapado em urina de rato. A água que nos víamos forçados a tomar era igualmente pútrida e fedorenta. Para não morrer de fome, chegamos ao ponto crítico de comer pedaços de couro com que se havia coberto o mastro maior, para impedir que a madeira roçasse as cordas. (...)
Relato do espanhol Antônio Pigafetta, integrante da expedição marítima comandada por Fernão de Magalhães no século XVI.
Fonte: AMADO, Janaina GARCIA, Leonidas Franca. Navegar é preciso. São Paulo: Atual, 1989. P. 33, 34.
O relato acima, associado ao imaginário do expansionismo marítimo da época moderna, expressa:
o gosto de aventura que se sobrepunha às restrições materiais vivenciadas pelos marinheiros.
a aceitação das péssimas condições nos navios, como forma de purgação dos pecados cometidos.
o fascínio pelo fantástico, principal motivo das viagens marítimas do século XVI.
as condições sanitárias que levavam ao adoecimento dos marinheiros nas expedições ultramar.
as dificuldades vividas pelos homens que se aventuravam no “Mar Tenebroso”.