Já não é de hoje que se discutem os efeitos excludentes das atuais mutações do trabalho, sob o impacto da reestruturação produtiva em tempos de revolução tecnológica e globalização da economia. No entanto, ainda pouco se sabe sobre as configurações societárias que vêm sendo urdidas nas dobras dessas transformações. Entre, de um lado, os artefatos da “cidade global” sob o foco dos debates entre urbanistas e pesquisadores da economia urbana e, de outro, os “pobres” e “excluídos” tipificados como público-alvo das políticas ditas de inserção social, há toda uma trama social que resta conhecer. E é isso justamente que situa o terreno em que ganha pertinência relançar a discussão sobre os sentidos e os lugares do trabalho na tessitura do mundo social. Se o trabalho não mais estrutura as promessas de progresso social, se os coletivos “de classe” foram desfeitos sob as injunções do trabalho precário, se direitos e sindicatos não mais operam como referências para as maiorias, se tudo isso mostra que os “tempos fordistas” já se foram, o trabalho não deixa de ser uma dimensão estruturante da vida social.
TELLES, Vera da Silva. Mutações do trabalho e experiência urbana. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf>. Acesso em: mar. 2017. Adaptado.
A articulista analisa o território das cidades como uma síntese de novas relações entre vida, tempo e trabalho, em que desigualdades acontecem.
Sobre os elementos linguísticos que estruturam o texto, é correto afirmar:
A locução conjuntiva “no entanto”, em “No entanto, ainda pouco se sabe”, estabelece com o periodo anterior uma relação conclusiva.
A palavra “se”, em “ainda pouco se sabe sobre”, indica a condição para que a ação expressa a seguir se efetive.
O termo coesivo “que”, em “que vêm sendo urdidas...”, resgata a expressão “as configurações societárias” e exerce função subjetiva.
O pronome “essas”, presente na contração “dessas”, em “nas dobras dessas transformações.”, antecipa, catafórica e contextualmente, a ideia explicitada por “artefatos da ‘cidade global’”.
O pronome indefinido “tudo”, em “se tudo isso mostra...”, reforçado pelo demonstrativo “isso”,sintetiza o que foi dito antes, para desconstruir adiante o valor do trabalho na vida social.
Para responder a esta questão, é preciso identificar a função e o tipo de cada elemento linguístico apresentado nas alternativas, relacionando-os ao contexto do trecho retirado do texto de Vera da Silva Telles.
Aplicando esses passos, chega-se à opção C como correta: o "que" é pronome relativo com função sintática de sujeito, retomando "as configurações societárias" no início da oração.