Isso tudo se passou conosco. (...)
Nos caminhos jazem dardos quebrados;
Os cabelos são espalhados.
Destelhadas estão as casas,
Incandescentes estão os muros.
Vermes abundam por ruas e praças.
E as paredes estão manchadas de miolos arrebentados.
Vermelhas estão as águas, como se alguém as tivesse
tingido,
E se a bebíamos, eram águas de salitre.
Golpeávamos os muros de adobe em nossa ansiedade
e nos restava por herança uma rede de buracos.
Nos escudos esteve nosso resguardo, mas os escudos não
detêm a desolação.
Temos comido pães de colorim [árvore venenosa],
temos mastigado grama salitrosa,
pedaços de adobe, lagartixas, ratos, e terra em pó e mais os
vermes. (...)
(Miguel León-Portilla. A conquista da América Latina vista pelos índios. Rio de Janeiro: Vozes, 1985. p.41)
O conhecimento histórico sobre o período das conquistas da América espanhola permite concluir que Hermán Cortés e Francisco Pizarro
expressam a extrema crueldade e a violência pelas quais se deu a implantação da dominação colonial na América espanhola.
construíram na América espanhola parceria com os povos indígenas para a exploração de ouro e prata, o que facilitou a conquista e colonização das terras americanas.
apresentaram as civilizações incaica e asteca como representantes do povo americano e demonstraram o sentido destruidor do contato entre esses povos e os europeus.
criaram as primeiras colônias europeias de povoamento na América espanhola organizadas com base na monocultura, no latifúndio e no trabalho escravo indígena.
estabeleceram na América uma forma de ocupação menos cruel e violenta e onde os laços de dependência em relação à metrópole eram bem menos estreitos.