INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto.
TEXTO
Nélida Piñon
A escrita é, por natureza, ambígua. Portanto,
ela circula pelos sexos do mundo. A escrita reflete o
que nós somos. E ela não aprisiona pelos gêneros.
Escrever é obrigatoriamente visitar o coração do
[5] pensamento. A mulher, embora recente no mundo
canônico da cultura, é herdeira de todos os saberes
humanos. Ela tem um coração tão polissêmico quan-
to o coração masculino. Você não fala em literatura
masculina; você fala em literatura, e de preferência
[10] boa literatura. Eu acho que a literatura da mulher
ocupa todos os espaços da humanidade. Isto dito, o
que há são características, não de mulher e de ho-
mem, mas de escritor. Se fosse assim, como Flaubert
teria podido escrever “Madame Bovary” (1856) e ter
[15] dito com todo orgulho: “Eu sou Emma”. Se ele tinha
coragem de dizer que era Emma, eu tenho coragem
de dizer que sou o quê? Um personagem masculino.
O grande escritor que abarca os mistérios da arte
narrativa é proteico, ele enverga. Ele tem que ser do
[20] sexo do homem, da mulher, ele tem que ser pedra,
tem que ser mineral, animal, tem que ser coisas vi-
vas... Ele é tudo que existe. Não existe essa história
de literatura feminina.
Disponível em: https://goo.gl/4xUA7h. Acesso em 3 jun. 2018.
No texto, a escritora Nélida Piñon apresenta um ponto de vista polêmico. Das frases a seguir, qual sintetiza esse ponto de vista?
“A escrita reflete o que nós somos.” (linhas 02 e 03)
“Escrever é obrigatoriamente visitar o coração do pensamento.” (linhas 04 e 05)
“O grande escritor que abarca os mistérios da arte narrativa é proteico, ele enverga.” (linhas 18 e 19)
“Não existe essa história de literatura feminina.” (linhas 22 e 23)