INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia os textos que seguem.
Texto
(…)
É bem possível que eu um dia cegue.
No ardor desta letal tórrida zona,
A cor do sangue é a cor que me impressiona
E a que mais neste mundo me persegue!
Essa obsessão cromática me abate.
Não sei por que me vêm sempre à lembrança
O estômago esfaqueado de uma criança
E um pedaço de víscera escarlate.
(…)
Na ascensão barométrica da calma,
Eu bem sabia, ansiado e contrafeito,
Que uma população doente do peito
Tossia sem remédio na minh’alma!
E o cuspo que essa hereditária tosse
Golfava, à guisa de ácido resíduo,
Não era o cuspo só de um indivíduo
Minado pela tísica precoce.
(…)
Texto
“… linguagem tecida de vocábulos esdrúxulos e animada de uma virulência pessimista sem igual em nossas letras. Trata-se de um poeta poderoso, que deve ser mensurado por um critério estético extremamente aberto que possa reconhecer, além do mau gosto do vocabulário rebuscado e científico, a dimensão cósmica e a angústia moral da sua poesia”
(Alfredo Bosi. In: História Concisa da Literatura Brasileira, p. 287-288).
Os versos do excerto e o texto crítico de Alfredo Bosi referem-se a
Carlos Drummond de Andrade.
Augusto dos Anjos.
Carlos Nejar.
João Cabral de Melo Neto.
Mário de Andrade.