INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o poema “Mar português”.
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Com base no poema, assinale a alternativa INCORRETA :
O poema é de autoria de Fernando Pessoa, um dos mais célebres escritores da língua portuguesa, que deu vida a três famosos heterônimos: Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.
“Mar português” foi retirado de Mensagem, único livro publicado em vida, em língua portuguesa, por seu autor – obra que já tematiza a decadência lusitana percebida no início do século XX.
O poema trabalha com a ambivalência simbólica do mar, uma vez que ele foi o palco para grandes conquistas lusitanas, no período das navegações, mas também representa o cenário tenebroso de naufrágios e outras desgraças.
Os versos, de certa forma, questionam a glorificação lusitana do tempo do Império, já que lançam indagações a respeito dessa era de ouro. Por isso, podemos considerar este poema como um contraponto ao épico e nacionalista Os Lusíadas, de Camões.
Por ser modernista, observamos que este soneto rompe com a tradição literária, apresentando uma métrica livre, ainda que com rimas emparelhadas (AABBCC).